Não me concentro no trabalho, e entro no meu e-mail o tempo todo, com a ansiedade de uma adolescente para ver se me mandou alguma mensagem. Também checo o celular regularmente, mesmo quando estou “me divertindo” com meus amigos. E a caixa do correio. Só não preciso examinar minha mente, pois nesta você tem um – maldito – lugar guardado, que faz questão de aproveitar da forma mais espaçosa possível. E quando está sumindo dos meus pensamentos, volta a me atormentar, como um corvo me vigiando e esperando a hora de pegar meu coração em carne viva, desprotegido.
Não me entenda mal, nem sempre acho ruim ser abordada sutilmente por você (ou ainda não tão sutilmente assim). Mas o que tem acontecido comigo te transforma no causador da minha desgraça.. Das minhas noites mal dormidas, e dos dias sem comer também.
Às vezes, me perguntam se estou doente, devido à minha maneira de agir em piloto automático e quase não olhar no rosto de ninguém, e rapidamente digo que não. Mas logo penso “Mas estou amaldiçoada.” Porque não vejo uma outra maneira de explicar o efeito que você tem sobre mim. Por exemplo, uma mensagem sua apaga o brilho do meu rosto instantaneamente, um telefonema quase me faz vomitar. De que forma isso pode ser bom?
Ultimamente venho me perguntando o que me leva a não colocar um fim nisso – e logo me lembro que já tentei – e você me convenceu com o papinho de “vamos ser amigos, sempre nos demos tão bem! Não vejo porque por um fim em uma relação assim.” Ou então, após passarmos certo tempo afastados, “sinto sua falta” – a mensagem que derretia meu coração, e ainda derrete. Será que alguma vez tentei mesmo me desvencilhar de você?
E assim vamos levando a vida, sem assumirmos que temos uma relação. Nesse eterno vai e volta, como um movimento de um iô iô. Até quando diremos que temos “apenas uma amizade” ainda não sei, e se um dia vai deixar de ser isso – embora já seja mais do que isso – e quem sabe eu não acabei com isso porque não quero acabar. Porque é mais fácil fugir de mim, assim como fujo de você, do que encarar de uma vez e colocar um fim – ou encarar de uma vez e colocar um título para uma nova historia.
Assim sendo, acho que só tenho a opção de aceitá-lo como a minha maldição. A maldição que sempre vai me acompanhar, até que eu decida pelo contrário. A maldição que me nutre, e que me destrói. A minha maldição, da qual não quero me libertar. "
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