"Estou aqui te escrevendo uma outra vez, e tenho total
consciência que já me tornei repetitivo no tema. Mas sabe o que é, eu sou um
escritor que nunca havia se apaixonado antes, portanto é de se entender que
agora que encontrei ele seja o tema central dos meus textos, dos meus sonhos,
dos meus pensamentos. Até então, eu até escrevia um ou dois textos a cada 6 meses
sobre o amor, mas só quando alguma leitora pedia muito. E digamos que nenhum
deles ficava muito bom, porque não era sincero.
As pessoas têm me perguntado se estou apaixonado ao lerem
meu novo estilo de escrever. E eu nego, embora no fundo eu saiba que é impossível
escrever sobre amor sem nunca ter amado. Então, a verdadeira resposta para esse
questionamento é sim, eu estou apaixonado – ou estive.
Mas é que na verdade, todo homem já amou uma Maria – vou chamar
de Maria para dar nome à moça que me arranca esses suspiros, mas esse não é seu
verdadeiro nome. Todo homem já encontrou aquela que lhe tira o sono, tira seus
pés do chão e o faz sorrir quando abre seu sorriso.
Claro que essas referências não são minhas. Todo apaixonado
acaba sempre falando em “borboletas no estômago” “sorriso que desmonta inteiro”
“coração acelerado”. Mas o que ninguém fala – e eu vou falar – é como é de
verdade o objeto do tão falado amor.
Engana-se quem pensa que a mulher inesquecível para um homem
é aquela que é doce, meiga, e concordada mulher. Você nunca vai se lembrar da
mulher que te deixava escolher o restaurante, que nunca brigava, e que insistia
em dividir a conta.
A mulher inesquecível é o oposto. É briguenta, é mandona, e
nunca concorda com o que você diz. Se você quer comer comida mexicana, ela quer
comida japonesa. Se quer sorvete, ela quer açaí. Se você diz que seu batom é vinho,
ela insiste que é vermelho. Se comenta que ela fica bonita de cabelos presos,
ela os solta pra te provocar. Se quer pagar a conta, ela quer dividir. Se quer
dividir, ela se sente ofendida por pedir para ela pagar.
Geniosa. Ela também não aceita estar errada, mesmo quando no
fundo sabe que está. Ela briga, a culpa é sua. E ai de você se disser que foi
ela quem começou... Ela bate a porta, sai pisando forte e te deixa falando
sozinho. Mas ela é bipolar também, então depois de algumas horas ela volta e te
beija como se nada tivesses acontecido.
Toda cheia de manias... Ela gosta de cortinas, gosta de
espelhos, e de bichos de pelúcia, mas odeia que deixem a porta do guarda roupa
aberta, e é capaz de levantar da cama à noite só pra fechar uma dessas portas
que você esqueceu aberta.
Imprevisível. Você nunca pode prever a reação dela. Por exemplo,
se você trouxer a ela seu doce preferido: ela pode adorar, devorar, e depois te
beijar em agradecimento; ou pode te olhar com raiva porque você estragou sua
dieta. E nem pense em dizer que ela não precisa de dietas, que ela vai vir com
uma frase dessas “Eu engordei 2kg e você não percebeu, você não presta atenção
em mim.”
Assim era a minha Maria, e é por conta dela que o
sentimentalismo vem tomando conta dos meus textos – e vida. Mas não se enganem
em pensar que eu sou o único. Como já falei acima, todo homem já amou uma
Maria, e quem ainda não amou, vai amar. Resta saber se você vai conseguir lidar
com seu temperamento, seu gênio forte, e suas constantes mudanças de humor.
Eu não soube lidar. E devo a isso a inspiração que tomou
conta de minhas mãos e mente ultimamente – até rimou. Porque felicidade não se
escreve. Já saudade, essa rende.
E é por isso que eu bebo? Não. É por isso que eu escrevo."
Nathália Zarpellon
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