quarta-feira, 6 de julho de 2016

Para Alguém Que Se Foi - Mas Ficou Dentro De Mim

Ouça enquanto lê:

"5 de julho de 2016. É só mais um dia insignificante no meu calendário - desde que você se foi os dias passam sempre iguais. Não me importa qual dia do mês é, não importa qual dia da semana - e pensar que há um tempo atrás eu estaria contando os dias para chegar a sexta ou o sábado, dia em que nos veríamos depois de uma longa semana de trabalho. Mas agora, o final de semana chega, e não quer dizer nada.


Sabe menina, eu passo os dias relativamente bem, me ocupando com minha função no trabalho, e com a função dos meus colegas também, não sobrando tempo pra pensar em você. Mas quando a noite chega, inevitavelmente eu penso em você, olho a sua foto que esqueci de apagar na minha galeria, e me pergunto se você já achou um novo motivo pro seu sorriso. Você dizia que seu sorriso era meu, mas eu nunca me enganei de pensar que seria sempre assim - uma hora ou outra eu ia ferir o seu coração de papel tão facilmente dobrável, mais facilmente ainda rasgável.
Em outra vida, nós estaríamos planejando acampar no final de semana, ou ainda assistir uma maratona de Game Of Thrones - aquela série que eu dizia que não gostava e você sim, e me dizia que é porque nunca tinha assistido. Talvez eu devesse ter feito mais as coisas que você me dizia para fazer - fosse assistir um filme de terror, fosse te avisar quando estivesse ocupado, fosse te mostrar mais o quanto você me era importante. Se eu tivesse mostrado o quanto você era especial, talvez eu não estivesse no trabalho às 14:05h me perguntando se você estaria na sua casa, ou se te chamaram naquele concurso que você tinha passado quase dois anos atrás.
Tento não pensar em você - pois você se foi - mas quando um amigo meu veio me mostrar uma foto da praia que ele ia com a namorada no próximo final de semana, não pude deixar de pensar o quanto eu gostaria de ser a estar te levando na praia. E ver como seria seu corpo branquelo iluminado pela luz do sol. Não me leve a mal, os meses em que ficamos juntos, foram de um outono excepcionalmente frio, e cada vez que eu te via você estava coberta por camadas de roupa - você sempre sentiu mais frio do que o resto das pessoas.
Acho que esse é o fim ao qual estão fadados todos os relacionamentos que marcam a nossa vida, sejam eles curtos ou longos: olhar para tudo e lembrar-se da pessoa. Quando eu vou ao mercado, e olho um novo chocolate, penso se você gostaria do sabor. Deixei de curtir aquela página, Legião dos Heróis, porque cada vez que eu via uma foto dos Vingadores me lembrava de você, defendendo o seu herói e citando os motivos pelos quais gostava dele, e eu via seus olhos brilharem ao falar sobre o tema. Quando acontece alguma coisa ruim ou boa no meu dia a dia, penso em ligar pra te contar - mas me lembro que fui orgulhoso demais para manter meu número na minha agenda. E entre um pensamento é outro direcionado a você, eu me pergunto se eu não tivesse sido tão orgulhoso e quisesse as coisas do meu jeito, ainda estaria te mandando mensagens durante o trabalho, mesmo que você se irritasse com qualquer coisa que eu falasse.
Às vezes eu penso que reclamei tanto de você, mas eu preferia ter seu mau humor de todo dia a me atormentar, do que essa falta de notícias suas. Outras, me convenço que nunca teria dado certo - você sempre foi irritada demais, geniosa demais, e eu, teimoso demais, orgulhoso demais. Mas eu acho que quando duas pessoas querem muito, fazem as coisas darem certo - mas a gente se amava, menina. Por que não conseguimos fazer durar?
E eu me convenço que se for pra ser um dia nos reencontramos, só para no minuto seguinte olhar desesperado para a tela do celular esperando que você tenha mandado uma mensagem levantando a bandeira branca. E olho de novo a sua foto na galeria, e sinto sua falta. Ah, como eu sinto sua falta! Será que onde você está, você sente a minha também?
Os dias passam iguais, e dentro de mim, nada mudou. Não sei se é segunda ou se é terça, só sei que queria que fosse o dia de te reencontrar - e nunca mais te deixar escapar."

Nathalia Zarpellon





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