sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

A Mulher Inesquecível




"Estou aqui te escrevendo uma outra vez, e tenho total consciência que já me tornei repetitivo no tema. Mas sabe o que é, eu sou um escritor que nunca havia se apaixonado antes, portanto é de se entender que agora que encontrei ele seja o tema central dos meus textos, dos meus sonhos, dos meus pensamentos. Até então, eu até escrevia um ou dois textos a cada 6 meses sobre o amor, mas só quando alguma leitora pedia muito. E digamos que nenhum deles ficava muito bom, porque não era sincero.
As pessoas têm me perguntado se estou apaixonado ao lerem meu novo estilo de escrever. E eu nego, embora no fundo eu saiba que é impossível escrever sobre amor sem nunca ter amado. Então, a verdadeira resposta para esse questionamento é sim, eu estou apaixonado – ou estive.
Mas é que na verdade, todo homem já amou uma Maria – vou chamar de Maria para dar nome à moça que me arranca esses suspiros, mas esse não é seu verdadeiro nome. Todo homem já encontrou aquela que lhe tira o sono, tira seus pés do chão e o faz sorrir quando abre seu sorriso.

Claro que essas referências não são minhas. Todo apaixonado acaba sempre falando em “borboletas no estômago” “sorriso que desmonta inteiro” “coração acelerado”. Mas o que ninguém fala – e eu vou falar – é como é de verdade o objeto do tão falado amor.
Engana-se quem pensa que a mulher inesquecível para um homem é aquela que é doce, meiga, e concordada mulher. Você nunca vai se lembrar da mulher que te deixava escolher o restaurante, que nunca brigava, e que insistia em dividir a conta.

A mulher inesquecível é o oposto. É briguenta, é mandona, e nunca concorda com o que você diz. Se você quer comer comida mexicana, ela quer comida japonesa. Se quer sorvete, ela quer açaí. Se você diz que seu batom é vinho, ela insiste que é vermelho. Se comenta que ela fica bonita de cabelos presos, ela os solta pra te provocar. Se quer pagar a conta, ela quer dividir. Se quer dividir, ela se sente ofendida por pedir para ela pagar.
Geniosa. Ela também não aceita estar errada, mesmo quando no fundo sabe que está. Ela briga, a culpa é sua. E ai de você se disser que foi ela quem começou... Ela bate a porta, sai pisando forte e te deixa falando sozinho. Mas ela é bipolar também, então depois de algumas horas ela volta e te beija como se nada tivesses acontecido.
Toda cheia de manias... Ela gosta de cortinas, gosta de espelhos, e de bichos de pelúcia, mas odeia que deixem a porta do guarda roupa aberta, e é capaz de levantar da cama à noite só pra fechar uma dessas portas que você esqueceu aberta.
Imprevisível. Você nunca pode prever a reação dela. Por exemplo, se você trouxer a ela seu doce preferido: ela pode adorar, devorar, e depois te beijar em agradecimento; ou pode te olhar com raiva porque você estragou sua dieta. E nem pense em dizer que ela não precisa de dietas, que ela vai vir com uma frase dessas “Eu engordei 2kg e você não percebeu, você não presta atenção em mim.”

Assim era a minha Maria, e é por conta dela que o sentimentalismo vem tomando conta dos meus textos – e vida. Mas não se enganem em pensar que eu sou o único. Como já falei acima, todo homem já amou uma Maria, e quem ainda não amou, vai amar. Resta saber se você vai conseguir lidar com seu temperamento, seu gênio forte, e suas constantes mudanças de humor.
Eu não soube lidar. E devo a isso a inspiração que tomou conta de minhas mãos e mente ultimamente – até rimou. Porque felicidade não se escreve. Já saudade, essa rende.


E é por isso que eu bebo? Não. É por isso que eu escrevo."

Nathália Zarpellon



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